Carlos Cachaça, nascido em Mangueira, nas proximidades do morro, no dia 3 de agosto de 1902, foi testemunha da primeira vez em que os mangueirenses ouviram um samba. Até então, eles cantavam e dançavam o jongo e os lundus do folclore ou os maxixes que aprendiam nas festas da igreja da Penha, numa época em que o rádio ainda não existia (a primeira emissora brasileira, a Rádio Sociedade, surgiria em 1923). No carnaval, divertiam-se dançando nos cordões e nos ranchos.
Antes da existência do Morro de Mangueira, havia também o carnaval elegante, com bailes de máscaras realizados geralmente em hotéis. A classe média , por sua vez, aderiu imediatamente ao desfile dos carros alegóricos das grandes sociedades, dividida em torcidas a favor da Tenentes do Diabo, da Democrática e da Fenianos, as mais importantes da época, todas fundadas entre 1860 e 1870. Os pobres divertiam-se nos cordões, a primeira solução encontrada pelos foliões para brincar em grupo. Seus integrantes saíam fantasiados (mascarados, palhaços, diabos, reis, rainhas e outros), em dois tipos de cordões, o de "velhos"(todos dançavam envergados, imitando velhos) e os cucumbis, em que predominava a batucada, na base de adufos, cuícas e reco-reco. O cronista João do Rio dedicou várias páginas à descrição dos cordões.
Os ranchos carnavalescos surgiram no Rio de Janeiro em 1893, sendo o primeiro deles e o Rei de Ouro, fundado pelo baiano Hilário Jovino Ferreira, no bairro da Saúde. Em pouco tempo, os ranchos espalharam-se pela cidade, ganhando logo a preferência dos foliões pela sua música sempre lírica, pela dança e por apresentar novidades como o enredo, os instrumentos de cordas e de sopro e os personagens como a porta-estandarte e o mestre-sala, sendo estes cercados nos desfiles por meninos fantasiados conhecidos como porta-machados. O rancho mais famoso da história foi o Ameno Resedá, que contava, entre os seus admiradores, com o escritor Coelho Neto.
Desde 11 de maio de 1852, quando se inaugurou nas proximidades da Quinta da Boa Vista o primeiro telégrafo aéreo do Brasil, a elevação vizinha da Quinta era conhecida como Morro dos Telégrafos. Pouco depois, foi instalada ali perto uma indústria com o nome de Fábrica de Fernando Fraga, que produzia chapéus e que, em pouco tempo, passou a ser conhecida como "fábrica das mangueiras", já que a região era uma das principais produtoras de mangas do Rio de Janeiro. Não demorou muito para que a Fábrica de Fernando Fraga mudasse para Fábrica de Chapéus Mangueira. O novo nome era tão forte que a Central do Brasil batizou de Mangueira a estação de trem inaugurada em 1889. A elevação ao lado da linha férrea também começou a ser chamada de Mangueira, enquanto o antigo nome de Telégrafos permaneceu para identificar apenas uma parte do morro. Atualmente, Telégrafos, Pindura Saia, Santo Antônio, Chalé, Faria, Buraco Quente, Curva da Cobra, Candelária e outros são pequenos núcleos populacionais que formam o complexo do Morro de Mangueira.
Fonte: Site oficial da Estação Primeira da Mangueira.
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